Existe um esquema tático que pode corrigir este equívoco do futebol moderno: a utilização de jogadores com características defensivas para auxiliar o ataque. Se for para ajudar o ataque pelos lados do campo, que sejam MEIAS, ou ATACANTES mesmo. Porque deslocar laterais ou volantes para tabelar pelo lado da cancha, e fazer um esforço hercúleo pra levantar a bola pro centroavante? E o pior, deixar ESPAÇOS tanto no meio campo quanto no lado da zaga?
Aqui vou utilizar o exemplo de um treinador que é debochado por muitos, e por muitos motivos reais. Chorão, medroso, derrotado, pé frio… Mas com uma das idéias de futebol mais diferentes utilizadas no Brasil. Daria pra usar de exemplo alguns times do Barcelona e da Seleção da Holanda que já atuaram nesse sistema, embora o 4-3-3 seja utilizado com mais freqüência pelos “faceirinhos” da Europa. Mas fiquemos aqui na nossa República de Sarney.
Antes que alguém fale sobre o atual trabalho do Cuca no Flamengo, pensem em como atuam Juan e Léo Moura. Eles não são laterais que viraram alas. Eles são ALAS que jogam de MEIAS ou como verdadeiros PONTAS. É disso que precisamos: abandonar a velha idéia de laterais que defendem e “atacam” (ou atacavam, sem as aspas desta vez), por jogadores que realmente saibam fazer triangulações, tabelas e cruzamentos pelos lados do campo. Como montar um bom 3-4-3?
– Um zagueiro técnico como líbero, um “quebrador” de bolas e bom pelo alto e outro que consiga iniciar jogadas pelos lados do campo;
– No meio de campo há várias maneiras de armar o time. Uma delas inclusive é a formação em losango, ou em diamante, utilizada pelo nosso camarada Adenor. Também dá para jogar com dois volantes, um ala de origem e um meia-armador (ou meia-atacante), três volantes e um armador… Infinitas possibilidades, dependendo das características dos jogadores;
– Ataque formado por um centroavante “9”, e dois jogadores abertos pelos flancos. Aqui se pode jogar com dois atacantes velozes e com a perna preferencial “invertida” (exemplo de Messi e Henry, que jogam cortando para a parte interna da área e pegando o marcador pelo lado “cego”). Ou ainda com um atacante de origem por um lado e um meia veloz pelo outro, um centralizando as ações ofensivas e do outro lado a bola rola até a linha de fundo para ser “truviscada no fedor”.
Vou colocar minha teoria caótica na prancheta, usando três exemplos que todos conhecem e utilizando os jogadores disponíveis nos “elencos” dos respectivos times. Quem quiser discordar, aplaudir ou rir da minha cara, comentários à vontade!
Seleção Brasileira 3-4-3:
Júlio César (Inter); Lúcio (Bayern), Juan (Roma) e Alex (Chelsea); Felipe Melo (Fiorentina), Elano (Manchester City), Diego (Werder Bremen) e Kaká (Real Madrid); Robinho (Manchester City), Nilmar (Inter) e Luís Fabiano (Sevilla).
Lúcio pela direita, Juan pelo miolo de zaga e Alex pela canhota. No meio Felipe Melo e Elano encarregados da marcação, ajudados pela marcação pressionada na saída de bola dos laterais adversários, feitas por Nilmar pela direita e Robinho pela esquerda. Diego tabelando com Robinho pela canhota e Kaká e Nilmar pela direita, com Luís Fabiano pelo comando de ataque.
Grêmio no 3-4-3:
Victor; Léo, Réver e Rafael Marques; Adílson, Túlio, Tcheco e Souza; Douglas Costa, Jonas e Máxi Lopez.
Zaga em linha, com mais liberdade para Réver pelo meio. Linha de três volantes pelo meio, com Tcheco e Túlio encostando em Souza pelos lados, para auxiliar na armação das jogadas. Douglas Costa criando jogadas da ponta esquerda para o meio, Máxi enfiado e Jonas bem aberto na direita.
Inter no 3-4-3:
Lauro; Bolívar, Índio e Sorondo; Magrão, Guiñazú, Kleber e D’alessandro; Taison, Alecsandro e Nilmar.
Índio na sobra, Bolívar pela direita e Sorondo pelo lado esquerdo da zaga. Magrão e Guina como volantes, um de cada lado. Kléber armando o time pela esquerda como um meia e D’ale armando pelo centro e tabelando com o atacante do lado direito. Taison na canhota do ataque e fazendo marcação pressionada, Alecsandro como pivô e Nilmar pelo lado direito do ataque.
Pelas características dos jogadores, o time mais difícil de ser montado neste esquema foi o Inter (principalmente pele número muito grande de canhotos numa mesma região do campo). Mas mesmo assim fica um time muito agressivo e que, pressionando os zagueiros do time adversário, poderia fazer muitos gols por jogo.