Cuca e a extinção dos laterais

Nilton Santos, Carlos Alberto Torres, Júnior, Leandro, Branco, Cafu, Roberto Carlos… Esqueça. Nunca mais teremos laterais desse nível, jogadores que tanto defendiam quanto atacavam com eficiência.

Existe um esquema tático que pode corrigir este equívoco do futebol moderno: a utilização de jogadores com características defensivas para auxiliar o ataque. Se for para ajudar o ataque pelos lados do campo, que sejam MEIAS, ou ATACANTES mesmo. Porque deslocar laterais ou volantes para tabelar pelo lado da cancha, e fazer um esforço hercúleo pra levantar a bola pro centroavante? E o pior, deixar ESPAÇOS tanto no meio campo quanto no lado da zaga?

Aqui vou utilizar o exemplo de um treinador que é debochado por muitos, e por muitos motivos reais. Chorão, medroso, derrotado, pé frio… Mas com uma das idéias de futebol mais diferentes utilizadas no Brasil. Daria pra usar de exemplo alguns times do Barcelona e da Seleção da Holanda que já atuaram nesse sistema, embora o 4-3-3 seja utilizado com mais freqüência pelos “faceirinhos” da Europa. Mas fiquemos aqui na nossa República de Sarney.

“Ninguém entende…”
Cuca jogou com o Botafogo, com o Goiás e alguns meses no São Paulo com algo muito parecido com o 3-4-3 clássico. Claro que para ser aceito, na maioria das vezes ele disfarça como se fosse um 3-5-2, mas especialmente no Botafogo de 2007, se a memória ajudar, ele realmente fez o time jogar desta maneira.

Antes que alguém fale sobre o atual trabalho do Cuca no Flamengo, pensem em como atuam Juan e Léo Moura. Eles não são laterais que viraram alas. Eles são ALAS que jogam de MEIAS ou como verdadeiros PONTAS. É disso que precisamos: abandonar a velha idéia de laterais que defendem e “atacam” (ou atacavam, sem as aspas desta vez), por jogadores que realmente saibam fazer triangulações, tabelas e cruzamentos pelos lados do campo. Como montar um bom 3-4-3?

– Um zagueiro técnico como líbero, um “quebrador” de bolas e bom pelo alto e outro que consiga iniciar jogadas pelos lados do campo;

– No meio de campo há várias maneiras de armar o time. Uma delas inclusive é a formação em losango, ou em diamante, utilizada pelo nosso camarada Adenor. Também dá para jogar com dois volantes, um ala de origem e um meia-armador (ou meia-atacante), três volantes e um armador… Infinitas possibilidades, dependendo das características dos jogadores;

– Ataque formado por um centroavante “9”, e dois jogadores abertos pelos flancos. Aqui se pode jogar com dois atacantes velozes e com a perna preferencial “invertida” (exemplo de Messi e Henry, que jogam cortando para a parte interna da área e pegando o marcador pelo lado “cego”). Ou ainda com um atacante de origem por um lado e um meia veloz pelo outro, um centralizando as ações ofensivas e do outro lado a bola rola até a linha de fundo para ser “truviscada no fedor”.

Vou colocar minha teoria caótica na prancheta, usando três exemplos que todos conhecem e utilizando os jogadores disponíveis nos “elencos” dos respectivos times. Quem quiser discordar, aplaudir ou rir da minha cara, comentários à vontade!

Seleção Brasileira 3-4-3:

Júlio César (Inter); Lúcio (Bayern), Juan (Roma) e Alex (Chelsea); Felipe Melo (Fiorentina), Elano (Manchester City), Diego (Werder Bremen) e Kaká (Real Madrid); Robinho (Manchester City), Nilmar (Inter) e Luís Fabiano (Sevilla).

Lúcio pela direita, Juan pelo miolo de zaga e Alex pela canhota. No meio Felipe Melo e Elano encarregados da marcação, ajudados pela marcação pressionada na saída de bola dos laterais adversários, feitas por Nilmar pela direita e Robinho pela esquerda. Diego tabelando com Robinho pela canhota e Kaká e Nilmar pela direita, com Luís Fabiano pelo comando de ataque.

Grêmio no 3-4-3:

Victor; Léo, Réver e Rafael Marques; Adílson, Túlio, Tcheco e Souza; Douglas Costa, Jonas e Máxi Lopez.

Zaga em linha, com mais liberdade para Réver pelo meio. Linha de três volantes pelo meio, com Tcheco e Túlio encostando em Souza pelos lados, para auxiliar na armação das jogadas. Douglas Costa criando jogadas da ponta esquerda para o meio, Máxi enfiado e Jonas bem aberto na direita.

Inter no 3-4-3:

Lauro; Bolívar, Índio e Sorondo; Magrão, Guiñazú, Kleber e D’alessandro; Taison, Alecsandro e Nilmar.

Índio na sobra, Bolívar pela direita e Sorondo pelo lado esquerdo da zaga. Magrão e Guina como volantes, um de cada lado. Kléber armando o time pela esquerda como um meia e D’ale armando pelo centro e tabelando com o atacante do lado direito. Taison na canhota do ataque e fazendo marcação pressionada, Alecsandro como pivô e Nilmar pelo lado direito do ataque.

Pelas características dos jogadores, o time mais difícil de ser montado neste esquema foi o Inter (principalmente pele número muito grande de canhotos numa mesma região do campo). Mas mesmo assim fica um time muito agressivo e que, pressionando os zagueiros do time adversário, poderia fazer muitos gols por jogo.

“Sacaram qual é o lance, seus canalhas?”