A grande chance

Na edição mais recente da Revista Placar há uma matéria sobre Pep Guardiola. O texto excelente e recheado de informações curiosas trata de tudo que Josep Guardiola i Sala representa para o Barcelona. E para o povo basco.
Li, fiz anotações, reli. Escreveria aqui no blog sobre como o Grêmio perdeu a chance de criar algo verdadeiramente seu ao mandar Renato Portaluppi embora.

Pois veja: Guardiola é nascido em Santpedor, pequeno povoado basco. Trás consigo, encrustrada no DNA, a chancela blaugrana. Ingressou nas canteiras barcelonistas com 13 invernos nas paletas. E por uma CONFLUÊNCIA DOS ASTROS, foi alçado aos profissionais por ninguém menos que Hendrik Johannes Cruijff. O tal de “Cróifi”.

Este holandês narigudo que fuzilou Luís Pereira, Zagallo e Leão em 74, moldou o estilo de jogo catalão na década de 70. Moldou não, CRIOU um jeito de jogar próprio do time azul e grená. E no início dos anos 90, treinou o Barça que ficou conhecido como Dream Team. Pep estava lá.

Campeão da Champions em 92, foi por muitos anos o capitão e cérebro da equipe. Segundo Cruyff, sem sua inteligência não teria nem chegado ao profissional. Segundo seus colegals de time (Rivaldo incluso), já era técnico desde os tempos de jogador.

Hoje Guardiola é o entrenador de los culés há três anos. Empilha títulos. Mas acima disso, engendrou um time monumental. Uma equipe que joga como o Barça de Cruyff nos anos 70, do próprio Pep nos anos 90 – e que já encontra em Xavi um sucessor natural. Uma filosofia de futebol. Apostar na base, toque de bola, três atacantes. Mas muito além do formulismo barato, entender o que representa ser catalão. Mesmo que tu sejas nascido em Rosário.

Depois disso eu diria que o Grêmio tinha em Renato a história, o estilo, a característica do “ser gremista”. Ou pelo menos eu entendia que sim. E que ao mandá-lo embora, também estava se desfazendo de uma possibilidade de grandeza. E pior, a possibilidade de ser grande em confluência com a história FILOSÓFICA do clube.

E hoje, dia 18 de julho de 2011, o Sport Club Internacional faz exatamente a mesma coisa ao demitir Paulo Roberto Falcão, o maior jogador a trajar rubro e branco na história.

Jogaram a chance de ser Inter, na plenitude do que significa ser Inter, pela janela.