Infiltrado em Inter X Flamengo

O editor do Grenalzito deve ta PUTO comigo. O texto que prometi pra segunda chega só hoje e, admito, meio de segunda também. Mas tenho desculpas boas.

1º – não levei o computador como planejava. No hotel que fiquei mal tinha cama, quem dirá um PC decente para digitar meia-dúzia de parágrafos.

2º – no shopps a internet custa mais que o almoço e eu já tinha gasto os tubos pra ir até o Olímpico, onde me obrigaram a comprar um manto de mangas longas, mais um DVD e um livro.

3º – hoje eu ainda não vi a cor de descanso depois de passar a noite dormindo no busão, que é mesma coisa que dormir na escada. Imagine.

Ma bueno, vámonos.

Eu jurava que o melhor elenco do Brasil podia jogar mais que isso

Cheguei abrindo o mar vermelho tal qual Moisés. Cruzei no meio de centenas (vá lá, eram uns cinquentinha) colorados para chegar às primeiras posições do grid da rampa que dá acesso às sociais do Beira-Rio.

Pra quem não conhece, ou nunca prestou a atenção nisso, o Beira-Rio, estádio que vai receber a Copa em 2014, tem só uma meia-água nas imediações da avenida Padre Cacique (eu sei que eles vão reformar). Por isso, eu e mais aqueles cinquentinhas de blusa vermelha e capa de chuva transparente, nos espinhávamos na rampa para, no momento que o brigadiano desse o sinal verde, voarmos subida acima para chegar na linha de chegada, quero dizer, na meia-água antes de todo mundo e poder ver o jogo sob o “bonezinho” do estádio.

No minuto seguinte me vi no meio de um milhar de colorados (que deve ser a capacidade do bonezinho), entre eles meus pais, Erni e Ivânia. Aliás, uma centena dos bermeios presentes ali eram oriundos de Itapiranga e São João do Oeste, duas cidades incrustradas no Velho Oeste Catarinense, onde a maioria é gremista, tenho certeza.

Era visível a incapacidade de jogo devido ao gramado empapado. Diz o professor Ruy Carlos Ostermann que até a Grobo já tinha aberto mão de transmitir a partida, mas o Inter tava de viagem marcada para segunda e, segunda, afinal, também iria chover, dizia aquela gostosa do tempo.

Então, pra alegria dos meus pais, que fizeram 600km pra ver o Inter entrar em campo, não interessa como, e após os figurantes de A Villa (como bem lembrou o Felipe) fazerem papel de Bozo, Flamengo e Inter se boliaram pro campo e dali pra frente só deu pra ver o que vocês assistiram pela TV.

Nada diferente de balão de Lauro, disputa no meio, falta. Balão pra frente mirando em Adriano, que no meio de Eller e Índio pouco conseguia fazer, mesmo que por vezes ganhasse uma na força e falta para o Inter. E dê-le bago. Dê-le carrinho. Dê-le falta. Golo mesmo, nenhum. Nem mesmo um irregularzinho. Nada.

E eu ali, no meio da indiada. Quieto, fones no ouvido. Até quando o Grêmio fez o gol lá no Serra Dourada não pude vibrar. Só baixei a cabeça, escutei o cara do meu lado gritar raivosamente “putamerda!” e cochichei pra minha mãe, à esquerda. “Gol do Grêmio!!!!!!”.

Segui calado, esperando o crime flamenguista, mas sabia que era quase impossível. Daqui a pouco, gol do Goiás. Todo estádio vibra e grita. Até a popular, que andava no volume 5, sobe pro 8.

Sigo na moita. Já tinha colorado pedindo a cabeça de Tite, o Maycon havia sido vaiado antes da partida começar e Alecsandro começava a incomodar (a torcida do Inter, é preciso dizer). Mas tchê, não DAVA pra jogar. Ninguém. O Pelé não jogaria. EU não JOGARIA.

Acaba o jogo e chove mais… VAIAS. Todo mundo foi vaiado, o que considerei injustiça, dadas as comprovações do parágrafo anterior. Mas há que se dizer: cerca de 12 mil pagantes no estádio com aquele tempo, é algo louvável.

Não foi desta vez que pude ver as mazelas e as belezas do esquadrão bermeio. Mas voltarei, até porque, nem intimidado fui. Passei trankilo, pisando em ovos, mas trankilo por lãs bandas Del Lago Guaíba.

Domingo que vem a missão é Tricolor. E tudo começa ainda nesta semana, com mais um texto. Só não vou marcar dia, que da última vez que fiz isso quase perdi meu emprego no Grenalzito.

Adiós!