Uma dívida com o D’Ale

Apenas dois jogadores foram homenageados com nomes de meus animais de estimação: Falcão, meu pastor alemão; e Nilmar, meu canário belga. Sim, caro leitor, já tive um passarinho.

E, pasmem, atendia quando ouvia o Haroldo narrar um gol do Nilmar. Assoviava, eriçado, o Belga.

Talvez, um dos erros meus, foi não ter um cusco chamado Fabiano; um dog Alemão, de Gamarra; ou mesmo, um cão brigador de D’Alessandro.

Nos meus filhos, Maria e Henrique, passei sem homenagens… Poderia ter um Andrés ou Nicolás… mas, não.

Onde ele quer chegar, creio que estejas pensando. Em lugar algum, admito. Apenas tentar buscar além-mar uma resposta à condescendência que temos com ídolos que remetem nossa juventude.

Nilmar, em sua milionária volta ao Beira-Rio, não jogou um ovo.

Nada, nada. E todo jogo estava lá eu, já jovem, alcoolizado, feliz, cantando: “nós viemos aqui…(tum dum) nós Viemos aqui (tum dum) para ver um gol do nilmaaaaar… xalaia” e, invariavelmente, o gol não saia. Hoje, ao saber da sua temerária depressão, me enlevo de consternação. Tem crédito na casa, o Nilmar. E o belga, meus amigos, há anos já não está entre nós.

O D’Alessandro, por motivos óbvios, teria muito mais motivos para as atuações medianas serem rapidamente esquecidas; ou, os jogos em que deixou o time mais lento que o Felipe Massa serem levados à escuridão do esquecimento. Deveria, leitor. Deveria. Com ele, geralmente olho o copo meio vazio.

André Nicolas D’Alessandro talvez esteja entre os três maiores da história do Inter.  Para uns, o maior. Para mim, um cara que entrou para a história, sem dúvida.

Podem me chamar de louco, meu ídolo sempre foi e será o Fabiano.  

Que nunca ganhou nada, é verdade. Entretanto, D’Ale está no meu time titular da história, e o Cachaca, não. Coisas do futebol.

Confesso que me sinto em dívida com o D’Alessandro. Talvez, se um dia no Bar do Lucas tomar uma cerveja e falar sobre nossos filhos, como fiz com o Fabiano; meu terceiro herdeiro, se assim o vier, poderá começar com a letra D.