30%

Técnico não ganha jogo: é responsável por, no máximo, 30% do sucesso de uma equipe. Esta teoria matemática abstrata era repetida muitas vezes por Muricy Ramalho nos anos vitoriosos do São Paulo na década passada. Insistia em ressaltar que é o jogador, dentro da cancha, que decide a peleja, mas o técnico pode ajudar (ou atrapalhar) bastante para que isso aconteça. Escalar os melhores nas posições em que mais rendem seria o caminho básico para que seus 30% fossem atingidos.

Outra receita é a repetição. Quanto mais tempo um técnico tem para trabalhar com o mesmo elenco, ou com uma espinha dorsal de atletas que não se modifica, mais perto se chega de uma mecânica de jogo padrão. É assim em qualquer esporte coletivo.

O Grêmio tomou uma decisão peculiar ao trocar Roger Machado por Renato Portaluppi, em setembro de 2016. Estilos diferentes, tanto na personalidade quanto na maneira de dispor suas equipes em campo. Além disso, Renato não vinha em bom momento na carreira. Porém a questão aqui é outra: nos últimos 2 anos e 4 meses o Grêmio teve apenas 2 treinadores. Roger teve 1 ano e 4 meses de trabalho, enquanto Renato acaba de fechar uma temporada completa no comando da equipe. Para se ter uma ideia, no mesmo período, Flamengo e Inter tiveram SETE professores!

Apenas a manutenção da comissão técnica não é garantia de títulos e glórias, mas durante estas duas temporadas e meia o Grêmio consegue jogar de maneira organizada – alternando momentos de grande entrosamento e sincronia. Jogadores com bastante tempo de clube também colaboram para esta mecânica: Grohe, Geromel, Luan, Douglas, Maicon, Ramiro, Pedro Rocha.

Caso siga com esta proposta de trabalho para 2018, o Tricolor Gaúcho larga na frente da maioria dos clubes do país para a próxima temporada.