Copero y peleador

Tinha que ser um time de tradição, com guaiaca e espora, mais de 100 anos de peleias campeiras. Tinha que ser detentor de títulos importantes, tal qual o Gauchão de 1930 conquistado sobre o mesmo Tricolor dos Pampas derrotado na noite desta quinta-feira fria, em Porto Alegre, e da Taça Irmãos Ruivo, em 1971.

Tinha que ser o Áureo-cerúleo Pelotas a roubar a invencibilidade gremista dentro do Monumental. Tantos outros “grandes” passaram por ali e NADA puderam fazer nos últimos dois anos. Mas o time da cidade das bolas usou do veneno gremista pra derrubar o Imortal. Foi copero y peleador dentro do Olímpico. Marcou como pode, lá em cima, na pressão durante os 30 primeiros minutos, mesmo tendo veteranos e gorditos em seu scratch. Time de três zagueiros, de jogada pelas pontas, de insistência. Time que não saiu da briga mesmo depois de tomar uma facada no bucho no meio do rebosteio.

E o Grêmio invicto, 51 jogos sem perder em casa, melhor ataque, melhor defesa, artilharia e o ESCAMBAU, não se achou. Aliás, achou o gol aos 45 do primeiro tempo. Fora isso, o jogo foi muito mais do Pelotas de Maurinho (108kg e 35 anos), Alex Dias (37 anos e 106kg), Tiago Duarte e Gaviãozera.
Pelo lado tricolor, dos males o menor: Jonas não fez gol, mas também não fez dancinha – de certo tava pensando na porra dum musical qualquer que vai estrear este final de semana no Teatro Carlos Gomes. Bérgson, o afoito, foi só isso. Afoito. Ejaculação precoce. WMagrão errou passes e não conseguiu fazer a saída de bola. Ferdinando foi Ferdinando, Edilson foi Edilson, Fábio Santos, Fábio Santos. Até Douglas, o homem do passe preciso, da invertida de bola, do lançamento, teve seu dia de Tchequito Querido em fase decadente. Nem escanteio conseguiu cobrar.
Só Maylson, Mário e Rodrigo se salvaram. Maylson brigou, concluiu – só ele concluiu CERTO – mas cansou. Rodrigo salvou várias e antecipou outro tanto. Mário foi regular. Só que a regularidade do Mário é nota 9. Victor não fez uma defesa sequer e cometeu um pênalti desastroso. E mesmo que Galvão tenha avisado, se mexeu, caiu na paradinha e tomamos o golo. Logo depois, pênalti que o Mário cometeu, Tiago Duarte marcou de novo e o boi se foi com corda e tudo.
Os caras lá no Kollamann – uma churrascaria em Itapiranga/SC que Deus queira que um dia vocês tenham a honra de conhecer – começaram então a DESANCALHAR Silas e seus comandados. Teve um, do meu lado – que vou preservar a identidade pra não acabar com a carreira do pobre coitado – que chegou a dizer “ainda bem, se é pra jogar assim que fique fora mesmo!” quando o Douglas foi expulso. Parênteses: digna de quem tem cojones a atitude do camisa 10. Se o jogo tá perdido, vamos pro grito! Fecha parênteses.
E a indiada continuava: “esse Silas é um burro velho mesmo! Manda esse cara embora! William Magrão não dá. Douglas, tá loco! Jonas é um pereba mesmo!”

Não agüentei e vazei. Vim pra casa curtir a derrota solito. Aliás, derrota que não fará diferença alguma se o Grêmio for campeão gaúcho. Caso contrário, a crise tá instalada.

*A foto é de Diego Vara (CliEsportes | RBS)